terça-feira, 4 de junho de 2013

O Cinema

     

     Desde que comecei o Sacundin, além dos discos e livros a idéia era também falar dos filmes que me marcaram, e passar as impressões que tive ao assisti-los, mas, um pouco com a desculpa de não saber muito como proporcionar a chance de que vocês pudessem assisti-los também o blog já ta indo pro seu 6º aniversário e até agora nada! Então acho que chegou a hora...

     O cinema entrou pela primeira vez na minha vida quando eu tinha 8 pra 9 anos, fomos com a colonia de férias da creche que eu estudei (por ter sido com a creche, até então eu achava que isso tinha se dado aos 6 anos, mas fui ver o ano do filme e descobri que eu já era maiorzinho) assistir a um super lançamento da época: "Lua de Cristal" com Xuxa Meneghel e Sergio Malandro (sim, eu infelizmente tenho um passado negro, vamos combinar que não é lá um bom começo, mas poxa vida não foi por minha livre escolha ou vontade, apesar que na ocasião eu ainda não tinha um discernimento apurado e pra mim estava tudo lindo, hoje acho isso pra lá de engraçado). Tela gigante, sonzão, filas e filas de poltronas, lugar propício pra sair já querendo voltar,  lembro muito pouco da sensação que tive durante o filme mas o evento em si me marcou bastante, tenho uma lembrança bem clara da entrada do Cinema, apesar de nada parecer com o que eu tinha na memória mais tarde vim a saber que o cinema era o já extinto Cine Plaza que ficava na praça Ozório. Passada essa primeira vez um hiato se fez e meu percurso pelo mundo cinematográfico se tornou bastante esporádico. Uma vez por ano e olhe lá, lembro de ser levado pra assistir Alladin (1992), Jurassic Park (1993) e Rei Leão (1994). 
     Em 1994 comecei a trabalhar de officeboy, aí meus caros como tava pelo centro e já tinha sido infectado pelo vírus da cinefilia ninguém me segurava, era um atrás do outro, como eu me bancava não tive problemas, o problema, que eu nem sabia ser um problema, era não ter ninguém me guiando e dizendo: - Assista isso, ou um: - Veja esse ou aquele. Vejam vocês que "Pulp Fiction" é de 1994 e eu não o vi no Cinema!!! Arrrrggghhhh!!!!! (mas pensando bem, talvez nem me deixassem assisti-lo, eu tinha só 13 anos). 
     Em casa a cultura de filmes era praticamente nula, venho de uma família evangélica e  na minha casa não era permitido nem assistir TV tanto que nem a tínhamos (fato que hoje já não vejo como tendo sido de todo ruim) o que dirá um video-cassete, ou seja, só me restava o cinema de rua (peguei a transição em que o império do cinema de rua era vencido pelas salas em shoppings, além do Plaza que foi um dos últimos privados a fechar lembro de ter frequentado os extintos: Cine Ritz, O Luz, Cine Condor, Lido I e II e o Cine Guarani que foi reinaugurado a pouco tempo)  ou um ou outro filme  de TV aberta assistido em casa de tios, avós ou amigos de escola. Passaram-se alguns anos eu com a vontade latente de sacar de cinema, de criar um repertório meu, eu tinha um carinho especial pelo cinema brasileiro,  queria saber mais a respeito, porém, com a idade e as condições que eu tinha na ocasião, não tava rolando -  um episódio que lamento até hoje relacionado ao tema é que aos 16/17 anos, eu já trabalhando na Radio Educativa como operador de áudio, recebemos para entrevista um convidado cineasta que depois de muitos anos e depois de eu cair babando pela sua obra fui informado pela Neli Pereira, ancora do programa na época, que o tal cineasta entrevistado era Rogério Sganzerla! A ignorância faz a gente perder cada coisa! Mas enfim, voltando... devido a minha falta de condição a coisa ficou adormecida, aos 20 anos comecei a namorar uma garota pra lá de especial e com uma família mais especial ainda, e pra melhorar ainda mais, todos cinéfilos! Ali a brasa adormecida do cinema começou a se reacender e pude ver muita coisa que o cinema de rua não podia me proporcionar, clássicos, cinema europeu e afins, começaram a invadir minhas retinas com frequência, éramos vizinhos de uma locadora e de cliente passei a ser funcionário da mesma! 
     Uma das exigencias era a de ter que assistir o máximo de filmes que pudesse, meus caros, imaginem se eu não gostei da idéia, como o acervo dessa locadora era fabuloso, pensei comigo: A hora é essa! Chegou meu momento de me inter(n)ar, e foi isso que aconteceu, na época eu chegava a assistir 3 filmes por dia, a idéia era me interar mais de cinema nacional, peguei um guia pra poder levar a coisa de uma maneira didática e as citações sobre escolas movimentos e estilos me fizeram ter que ir além e  começar do início... Lumiére, Meliés, Eisenstein, Griffith, Murnau, Lang, Tod Browing, Dreyer, Buster Keaton, Harold Lloyd, Mario Peixoto, Humberto Mauro... Me vidrei no expressionismo alemão, viajei no construtivismo russo, paixão aguda pela nouvelle vague, angustias mil com o neo-realismo italiano, reflexões profundas com Tarkovski, Vajda e Bergman, mergulho de cabeça no Cinema Noir, deleite puro com os westerns de Sergio Leone e chapação plena com o Cinema Marginal Brasileiro, um turbilhão de sensações a cada descoberta! Vi toda essa galera e mais um pouco, foi uma fase lindona e de um aprendizado prazerosíssimo! O emprego durou 2 anos e meio e além de filmes conheci muita gente bacana também...
     Agora com essa facilidade toda de encontrar tais preciosidades ao alcance de um click chegou a hora de na medida do possível compartilha-las com vocês! 
     É isso aí, vamo que vamo... Logo logo aparece a primeira resenha por aqui, aguardem!!!

PS* Caso eu não encontre o caminho para algum dos filmes terão de encontra-lo por conta, pode ser que  na locadora mais próxima a você  tenha! rs       


Postado Por Marcel Cruz

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